domingo, 30 de dezembro de 2012

Por isso

Falhei
porque ousei
porque achei
porque ouvi
porque entrei
porque busquei
porque sonhei
porque senti
porque vivi

Falhei?

Ímpeto


Preferimos a certeza
da palavra silenciada
Duvidamos da improbabilidade
da pergunta arriscada
É atitude que assusta
e segurança encapsulada
Pese-se apenas que a vida
é questão de “tudo ou nada”
Pássaro quando pula do ninho
descobre a doce revoada

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Atrás do (sor)riso

Vi a luz
e resolvi cruzar os portões
Tanta gente, tantas coisas
para fazer, descobrir

Tinha carrossel
Gira, gira, gira
mas não sai do lugar
Tinha trem-fantasma
de percurso longo
De muitos sustos
e assombrações de belos sorrisos

E tinha a montanha-russa
de inebriante adrenalina
Sorriso para subir
e susto para descer
Desorientação depois de sair
Mas tem algo que chama
e que te gruda ali

Acho que faz parte do percurso
Não é que se procure a saída
Só se quer brincar sem penar

Encaixe

Peço que peças
Peças pequenas
da obra grandiosa

Peça que o amor
forme em ti um escudo
Peça que a dor
jamais ocupe teu mundo
Peça que a desorientação
esvaia-se ante tua luz
Peça que a força
abasteça teu motor

Peça todas as peças
do quebra-cabeças belo
Que teu norte apontou

sábado, 22 de dezembro de 2012

Pelo em ovo

Todo mundo quer foder
e ninguém quer se foder
Se diminuíssemos a importância
de ambas situações
Haveria menos dor
Menos falácia
e mais amor

Alforria

Só erguendo muro
Para conseguir libertar
A alma acorrentada

O portão que fechaste
Virou parede
Molhada em lamento
Lágrimas feito tijolos
Aquilo virou cimento

E foi cercando
O que nunca foi solto
Que me vi livre

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Coisas de Candinha

Olhos que miram
Que teçam perguntas
Que não caiam na ousadia
de criar respostas
Pois digo que estas
Cabem ao objeto
Porque atribuir conceito
É ofício tão abjeto
Se ignoras o que no peito
Ergue-se em projeto

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Entre marés

É bem aqui que ela fica
Aí se acha uma também
Todo mundo lá no fundo
Uma ilha deserta contém

Garrafas tantas flutuarão
Só mesmo para avisar
Que se busca salvação
Mas não é para resgatar

É território tão sagrado
Esquadrinhado e conhecido
Domínio do céu estrelado

Sozinho, só medito
Mar ao redor e jamais perdido
No silêncio, acredito

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

E como combina

É goiabada no queijo
É arroz no feijão
Mordiscada no beijo
É suor no tesão

É chimarrão às três da tarde
É brisa boa em cima da bicicleta
É orgulho de si mesmo e com alarde
para saber-se alma completa

É sorvete com muita calda quente
É gargalhada depois de tropeçar
Adormecer com sorriso contente
feito a estrela que orna o luar

Parcimônia

Encara sem pestanejar
Só que vai com cuidado
É mais fácil enxergar
De olho bem fechado

Peneira não é viseira
Nem tapa nem guarnece
Pode acabar em cegueira
E o adiante desaparece

Também não há porquê ter medo
É só não perder as redéas desse afã
Ter calma para desvelar o segredo

A forte alma sempre teima
Mas tênue é a fronteira que separa
O que forja e o que queima


domingo, 16 de dezembro de 2012

Simpatia

Gosto das coisas simples
Que não são simples coisas
São, sim, causas
Razões do caminhar
Razões complexas
mas fáceis de explicar
É o que toma a pele
Mas que vai fundo
Um sopro que revele
todo um belo mundo
Simples e sinceras
maneiras de encarar
Ardentes quimeras
que teimam em enfeitiçar

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Vagas

Mas há alento
Feito a árvore
quando ouviu o vento
Sentiu o tempo
Absorveu o momento
Instantes iluminados
Inundados pelo intento
Do algo selvagem
Vivo mar violento
Que assusta mas docemente
beija o firmamento

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Recinto que sinto

A escrita feito lar
Alma que é propriedade
Tem sala de estar
Senta, fica à vontade
Tem quarto, tem cozinha
e boa área de serviço
Tem grande sótão
Muita coisa para guardar
E não é que tem porão?
Não se deve violar
Nem o escriba tem certeza
Da hora de entrar

domingo, 9 de dezembro de 2012

Universo paralelo

Bambeou, zonzo despertar
Estava tudo igual
e tudo diferente
Era a mesma gente
A mesma realidade
ou outra?
Não, nada diferente
Menos pelo vidro
Grosso, imponente
Bate, bate
e surdo ruído
Passou pro outro lado
Sem nunca ter saído

domingo, 2 de dezembro de 2012

Território

Caminhada
Pela vasta casa
Tantas portas
com tantos segredos
Aprende, dá meia-volta
e vai encarar teus medos
Passo forte pelos corredores
Exíguos e amplos
Iluminados e assustadores
Até corredores poloneses
Mas é nas pancadas e nas dores
Que se cresce, muitas vezes

sábado, 1 de dezembro de 2012

Sinopse

Sempre tem
Ou é uma música
Ou é um filme
Sempre tem uma arte
que em dois te parte
Mas não te quebra
Te revela
em folha nobre
Vivas linhas
Lê e descobre