domingo, 30 de dezembro de 2012

Por isso

Falhei
porque ousei
porque achei
porque ouvi
porque entrei
porque busquei
porque sonhei
porque senti
porque vivi

Falhei?

Ímpeto


Preferimos a certeza
da palavra silenciada
Duvidamos da improbabilidade
da pergunta arriscada
É atitude que assusta
e segurança encapsulada
Pese-se apenas que a vida
é questão de “tudo ou nada”
Pássaro quando pula do ninho
descobre a doce revoada

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Atrás do (sor)riso

Vi a luz
e resolvi cruzar os portões
Tanta gente, tantas coisas
para fazer, descobrir

Tinha carrossel
Gira, gira, gira
mas não sai do lugar
Tinha trem-fantasma
de percurso longo
De muitos sustos
e assombrações de belos sorrisos

E tinha a montanha-russa
de inebriante adrenalina
Sorriso para subir
e susto para descer
Desorientação depois de sair
Mas tem algo que chama
e que te gruda ali

Acho que faz parte do percurso
Não é que se procure a saída
Só se quer brincar sem penar

Encaixe

Peço que peças
Peças pequenas
da obra grandiosa

Peça que o amor
forme em ti um escudo
Peça que a dor
jamais ocupe teu mundo
Peça que a desorientação
esvaia-se ante tua luz
Peça que a força
abasteça teu motor

Peça todas as peças
do quebra-cabeças belo
Que teu norte apontou

sábado, 22 de dezembro de 2012

Pelo em ovo

Todo mundo quer foder
e ninguém quer se foder
Se diminuíssemos a importância
de ambas situações
Haveria menos dor
Menos falácia
e mais amor

Alforria

Só erguendo muro
Para conseguir libertar
A alma acorrentada

O portão que fechaste
Virou parede
Molhada em lamento
Lágrimas feito tijolos
Aquilo virou cimento

E foi cercando
O que nunca foi solto
Que me vi livre

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Coisas de Candinha

Olhos que miram
Que teçam perguntas
Que não caiam na ousadia
de criar respostas
Pois digo que estas
Cabem ao objeto
Porque atribuir conceito
É ofício tão abjeto
Se ignoras o que no peito
Ergue-se em projeto

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Entre marés

É bem aqui que ela fica
Aí se acha uma também
Todo mundo lá no fundo
Uma ilha deserta contém

Garrafas tantas flutuarão
Só mesmo para avisar
Que se busca salvação
Mas não é para resgatar

É território tão sagrado
Esquadrinhado e conhecido
Domínio do céu estrelado

Sozinho, só medito
Mar ao redor e jamais perdido
No silêncio, acredito

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

E como combina

É goiabada no queijo
É arroz no feijão
Mordiscada no beijo
É suor no tesão

É chimarrão às três da tarde
É brisa boa em cima da bicicleta
É orgulho de si mesmo e com alarde
para saber-se alma completa

É sorvete com muita calda quente
É gargalhada depois de tropeçar
Adormecer com sorriso contente
feito a estrela que orna o luar

Parcimônia

Encara sem pestanejar
Só que vai com cuidado
É mais fácil enxergar
De olho bem fechado

Peneira não é viseira
Nem tapa nem guarnece
Pode acabar em cegueira
E o adiante desaparece

Também não há porquê ter medo
É só não perder as redéas desse afã
Ter calma para desvelar o segredo

A forte alma sempre teima
Mas tênue é a fronteira que separa
O que forja e o que queima


domingo, 16 de dezembro de 2012

Simpatia

Gosto das coisas simples
Que não são simples coisas
São, sim, causas
Razões do caminhar
Razões complexas
mas fáceis de explicar
É o que toma a pele
Mas que vai fundo
Um sopro que revele
todo um belo mundo
Simples e sinceras
maneiras de encarar
Ardentes quimeras
que teimam em enfeitiçar

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Vagas

Mas há alento
Feito a árvore
quando ouviu o vento
Sentiu o tempo
Absorveu o momento
Instantes iluminados
Inundados pelo intento
Do algo selvagem
Vivo mar violento
Que assusta mas docemente
beija o firmamento

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Recinto que sinto

A escrita feito lar
Alma que é propriedade
Tem sala de estar
Senta, fica à vontade
Tem quarto, tem cozinha
e boa área de serviço
Tem grande sótão
Muita coisa para guardar
E não é que tem porão?
Não se deve violar
Nem o escriba tem certeza
Da hora de entrar

domingo, 9 de dezembro de 2012

Universo paralelo

Bambeou, zonzo despertar
Estava tudo igual
e tudo diferente
Era a mesma gente
A mesma realidade
ou outra?
Não, nada diferente
Menos pelo vidro
Grosso, imponente
Bate, bate
e surdo ruído
Passou pro outro lado
Sem nunca ter saído

domingo, 2 de dezembro de 2012

Território

Caminhada
Pela vasta casa
Tantas portas
com tantos segredos
Aprende, dá meia-volta
e vai encarar teus medos
Passo forte pelos corredores
Exíguos e amplos
Iluminados e assustadores
Até corredores poloneses
Mas é nas pancadas e nas dores
Que se cresce, muitas vezes

sábado, 1 de dezembro de 2012

Sinopse

Sempre tem
Ou é uma música
Ou é um filme
Sempre tem uma arte
que em dois te parte
Mas não te quebra
Te revela
em folha nobre
Vivas linhas
Lê e descobre

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Sesta


Não é assim
Não tem fim
Não dá nada
Dá uma relaxada
Uma bela esticada
A estiagem
está de passagem
Olha a paisagem
antes de zarpar
Entenderás na viagem
o porquê de aguardar

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Cartografia

Persona e
personalidade
Tudo nasce
Na missão
Na função
No coração
Autoconhecimento
É um fincar de bandeira
Gritar a posse
não adianta, está fora
Só se conhece
Quem se explora

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Arejando


Respira
Bússolas enlouquecem
Todas coisas se parecem
Mas não permanecem
Tampouco nos envelhecem

Relaxa
Até que os trovões cessem
Cedo ou tarde flores crescem
Ventos carinhosos arrefecem
Sorrisos largos rejuvenescem

domingo, 25 de novembro de 2012

Navegar é preciso

Marés de minguantes
e de crescentes
Mares gigantes
e marujos valentes
Vontades gritantes
de sonhos imponentes
Caminhos errantes
de almas sorridentes

sábado, 24 de novembro de 2012

Faxina

Hercúleo
Afagar o orgulho
Aliviar o engulho
Limpar o entulho
e os entraves
Por trás da trama
Sem trauma
Dentro d'alma

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Apontar

Desterrado
Debaixo de céu estrelado
Tudo fica tão claro
Tudo o que é raro
Em mar que nada tem de raso
Mas não vem ao caso
Não vem caos
Entre pedras e paus
Defesa e ataque prontos
Para ligar os pontos

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Dica de gourmet

O que te dizem que é certo
O que te dizem que é errado
Tua receita está em aberto
Cada um tem o seu preparado
Joga tudo no caldeirão
Pimenta forte para alegrar
Um pouco de vinho e tesão
Mexe, não esquece de balançar
O fogo nunca brando
Queima não, vai por mim
Receita boa alimentando
A vida tua até o fim

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

High Kais

Joga o dado
Avança uma casa
Nova charada

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

O filme que passa

Ah, meu caro
Esses cabelos brancos
Nascem nos trancos
e nos barrancos em que rolamos
Troféus
ou chistes do algo-maior
Encare como queira
Mas não te esgueira
Limpa a poeira
Branco, prata
E daí? Teu peito não é de lata
É diamante
"Dia! Avante!"

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

À vista

Abre a janela
Aponta o sol
Onde ele ilumina
Conta uma novidade
Uma nova idade
Leva, me eleva
e mostra
De cima dá para ver melhor
Em cima, se é menor
Porque ser grande
é caber sem apertar

domingo, 4 de novembro de 2012

Azul profundo

Futuro é céu da noite
Escuro, obscuro
Por vezes nublado
Estrelas
Muitas luzes
Muitas lutas
Todas vontades
Minhas necessidades
traduzidas em pontos perdidos
Espalhados no caminho
Desse azul-marinho

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Planeios

Decolagens
Tantas paragens
Tantas margens
Sim, ainda há
Terras virgens
Vizinhas esferas
e interseções
Dentro tem fim
Lá, enfim
Só indo
Subindo

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Luz aqui, luz aí

Janela acesa
Janela aberta
Cabeça alerta
que imagina
O que gira
na cabeça alerta
Na janela aberta
Na janela acesa
Meio longe
e tão perto
Também desperto

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Panorâmica

O que sei?
Que vi uma, duas coisas
pela estrada
Que vivo vívido
por toda a caminhada
Que sinto e sento
para apreciar a alvorada
Que amo e prezo
toda companhia camarada

O que sei?
Não sei
Ainda não é hora de balanço
É hora de agora
e vam'bora

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Virando as folhas

Porque sabe o que é
O que quer
O que merece
O que acontece?
Releva, esquece
Todo desnecessário
no fim perece

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Sereno

Paz
Três letras
Nem é tanto
Pai, Filho
e Espírito Santo
Ora, medita
e acredita
Sente por dentro
e não vem de fora
Pensa, pede
Ela vem, uma hora

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Eu, teu, breu

Se enxerga
Sem luz nem vela
Se vê tudo
com a pele
com a nuca
Mais que nunca
No escuro
se enxerga
Se entrega

domingo, 7 de outubro de 2012

Avante

Siga, prossiga
Jornada é causa
que pode ter pausa
Repouse na sombra
Regozije a lombra
Mas não esqueça de ir
Ao teu Hades
Ao teu Olimpo
Fuja só do limbo
Evada o que te evade
Não há tempo para metade
Quase não é
Nem marcha à ré

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Arranha meus céus

O que me falta é horizonte
Só tem monte
de gente
de grito
de vento empoeirado
de dia que vira noite que vira dia
Sem sol nem lua dar um oi

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Congela

Sorria!
Você está sendo filmado
Vigiado
Rotulado
Encurralado
Silenciado
Não, não sorria
Preocupa quem está filmando

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

RCP

Amor, coração
Sangue, coração
Coração bombeia sangue
Coração bombeia amor

Amor é uma hemorragia
que correspondida não dá choque
Amor é uma sangria
que não é fatal quando não correspondida
Acaba a troca
mas não mata
Sai o fluido vital
Depois da dor
entra o ar
Inspira, segue em frente
Tem sangue na tua veia
Tem vida que anseia
Vida
a ser vivida

Utopia

"Sou querido, bem humorado
Detesto falsidade, maldade
Sou vaidoso e educado
Não faço mal a ninguém
Sou honesto e humanitário
Não tenho cheiro nem solto as tiras"
Profusão de qualidades
Ausência de defeitos
Humanos idealizados
Humanos perfeitos
Impossíveis
e ainda assim onipresentes

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Dura

Por vezes pulamos páginas
Ávidos por um final
Idealizado
como o "tal"
Em outras, lemos
e relemos e giramos
No capítulo derradeiro
Seja conto ou trilogia
Todo grande roteiro
Tem seu tempo e desfecho
E isto é que o faz inteiro

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Veio de cima

E eu contei às estrelas
Brilho que consente
Divã dos sábios
Perguntei às estrelas
Sabendo que a resposta
Virá desses lábios

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Outra face

Cresça
Apareça
e amadureça
Faça as pazes com o passado
Assim evita-se
um futuro malcriado

domingo, 23 de setembro de 2012

Veni, vidi, vixe!

Iludido o que acha
que venceu a guerra
A caminhada não é eterna
nem fraterna
Meio madrasta, meio professora
Feita de lições constantes
e decisivos instantes

Caminhos tantos
Tortos, tontos
Risos temperados
Dias apimentados
Prazeres azeitados
É um leão por dia
Satisfaz, mas dá azia

Vitórias existem
e evadem
Feliz o que sabe
que venceu uma batalha
Mas não deita nos louros
Logo surge nova contenda

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Nexos

Perguntar demais
Ou sem perguntar jamais
Ao espelho
e ao travesseiro
Traz o que não deve
Que o vento leve
O que não mais serve

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Passou, deixou

Só peço
Cuida desse beija-flor
Pássaro leve, que passa
Cuida, por onde ele for
Que não perca sua graça
Distribuindo tanto amor
Fazendo sua arte
Abençoando de flor em flor

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Horizonte límpido

Paz é terreno fértil
Onde sonhos florescem
Trevas arrefecem
Grilhões arrebentam

É recusar ser estéril
É renascer sem morrer
Cicatrizar a ferida
Paz é o útero da vida

terça-feira, 11 de setembro de 2012

No fundo da gaveta

Recuso a amargura
do que não perdura
Escolho o abraço
da intenção pura
Tida, bem vivida
A contragosto
combatida
Afinal, vai a vida

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Peça por peça se monta

Em conceito
O mundo não é perfeito
Também não é difícil
de compreender
É cardinal, matemático
Mas é truncado
Quebra-cabeças de mil peças
Quebra cabeças em mil pedaços
e estilhaços

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Rascunhos

Desenho com letras
Escrevo com traços
Tantos passos
e roteiros
Causos inteiros
Causam ansiedade
Cresce a idade
Florescem perguntas
onde deveriam estar respostas
Réplicas que incessantemente procuro
e chuto e arrisco
Respostas que escrevo com traços
Que desenho com letras

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Despertar

Vem-se feito bólido
A noventa graus
do chão
Ao chão
No chão
e entre nadas
Só entradas
de estradas
Estranhas
às entranhas

Uni-duni-tê
E o porquê?
É com você

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Entre porquês

À resposta dada
Nova pergunta gerada
Atravessada
Aleatória
É a mesma história
Mente fala:
"Mãos ao alto!"
"Qual é?"
"Que cê acha?"
Ah, você acha
Relaxa...

domingo, 19 de agosto de 2012

Na foto não era assim

Parece Lego
Jogo do ego
Junta, separa
Monta e desmonta
Acabou
só que não
Sempre falta uma peça
Por mais que se peça
A obra nunca é completa

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

E vou vivendo

Um brinde
A nada
Ao nada
Ao que não foi
Ao que não houve
Ao que se quis
Ao querer bis
Ao ser feliz
Enche o copo
Algo me diz

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Orando

Contos
por cantos
Tantos pontos
e entretantos
Portanto
desfaça-se
o quebranto

Retorno

Peço ao tempo
Por encanto
Um momento
Ao relento
Ao teu lado
Ao teu peito
Em meu peito
Te carrego
Te tenho
Do meu jeito

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Credo

"Isso deve significar algo"
Sim...
...que se crê demais
se vê demais
Mas o quê?
Mais do quê?
No mais, por quê?

sábado, 28 de julho de 2012

À cadente passante

Pede-se
À noite
Cesse o açoite
Na carne
No cerne

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Faça ou pereça

Tesão
É ser jogado
Na arena do leão
Escudo na mão
Sangue no olho
Valente coração

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Intento

Gosto do ilógico
Da pressa paciente
Do calor que dá arrepio
Da saciedade faminta
Do breu iluminado
Do tudo no nada

Se desgosto?
Do oposto
do gosto
Muita pimenta
Muito tempero
Viver
só com esmero

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Retrovisor

Passado pode ser perfeito
Imperfeito
Impreciso
Impossível

Tem passado que é pecado
Tem passado enterrado
Tem passado engraçado
Tem passado desgraçado

Passado é credencial
Passado é essencial
Passado é vital
Passado é passado

Se não foi de corpo e alma
É ontem
Mas passado não é
Se podia ter sido
Ou ainda há de ser
Vale toda fé

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Passando

Defenestre
Pela fresta
Fresca festa
Que volta
Quando solta
Sinta
o vento
Ar!
Livre
do mofo
O novo
De novo
Vivo

Tempero do tempo

Apetite
Persiste
Fome, consome
Que se consume
Em suma
Uma soma
Somos?
Que sejamos
Queiramos queimar-nos
Querer-nos
Ter-nos em termos
Tempos tantos

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Imperativo

Cada soldado
Um escudo
Temor
Amor
ou humor
Seja como for
Mesmo que haja dor
Aja, e de ti
Exija
Exista
Insista
Instinto é vida

sexta-feira, 6 de julho de 2012

High Kais

Nanoprazeres
Megacontecimentos
Oniviventes

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Alcova

Feito texto no branco
Luz no escuro
Se fez
Me faz
Me traz
Salvação perdida
Doçura ardida
Ardente
Potente
Experimente

domingo, 1 de julho de 2012

Protagonizando

Terra fértil
É a dúvida
O breu
Tateio paredes
Das sinapses
E das sinopses
De enredos a rodar

Multi

Errônea fé
Que o que há
é
Preste atenção:
são!

Um inferno?
Um paraíso?
Um purgatório?
Há aos montes
Jorram fontes
De causas, de coisas
De vidas, de dias
De passos, de pessoas

O que é?
O não ser, não haver
Uma verdade
Um dono
Um modo
Unanimidade é mediocridade

sábado, 30 de junho de 2012

Canto de sereia

Noite de sábado tem maresia
Algo no ar que gruda
Mela
Doce profanação
É coisa de profissa
Não conhece?
Nem comece

Noite de sábado
Coisa de iniciado
Sempre dá resultado
Domingo engolindo
Engov, engulho, orgulho
Sem barulho!
Vai começar a semana

High Kais

É puro credo
No distante instante
Ido ou vindo

terça-feira, 26 de junho de 2012

Toque de alvorada

Perdidos em ruas
Guerreiros modernos
Faca entre dentes
Contentes
Confiantes
Na sorte
Até a morte a desafiá-la
A conquistá-la
Com passo duro
Sem temer o tiro no escuro
Hay que tener cojones

domingo, 24 de junho de 2012

Torrente

Toda pessoa é 70% água
Que pode estar limpa
Cristalina
Pode turvar, estar suja
Pode estar rasa, uma poça
Pode estar um oceano de profundidade

Água muda
Chove, corre, evapora
Todos somos ciclos
Temos que fluir
Mal é estacionar
Conformar
Resignar
Em ser água parada
Dengue pura
Moléstia

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Frenéticas asas

Inspiração de bardo
É beija-flor
Olha!
Captura na mente!
Foi...

...e vai
Ficar a estória
Doce memória
Pensar em mel
Em cordel

Ao vento

Porque ser balão cansa
Não cansa o voar
O delicioso ato de olhar o horizonte
De cima
Isso afaga a auto-estima
Cansam, sim
As voltas sem fim
Às vezes
Só se quer ser pipa

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Cisma de sismo

Lição de vida
Vem sem professor
É não-verbal
Cria-se fibra
Quando o chão vibra

Vácuo

Tem vazio que faz volume
Tem volume que não preenche
No eco do silêncio
Incomoda o grito
Mudo
Que nunca muda
Clausura desnuda
Despudorada
Desvirtuada
Desamparada

Vitrine viva

A incompletude
Insatisfação do ser
Constante
A todo instante
Revoltante
Ao que sente o ronco
Vendo reclamar
O que segue a arrotar

Colher de prata
Melada
Afetada
Cheia de nada
Sem tudo

Exoesqueleto

Paciência
Sapiência
Consciência
Resiliência
Rija couraça
Do boa-praça
Em desgraça

terça-feira, 19 de junho de 2012

Espiritualidade
Encerrada em simplismo
Cada um tem o que merece
E que perece
Cada um carrega a cruz que consegue
O que te persegue

Espiritualidade
Encerrada em sadismo
Paz, não traz
Que se faz?
Tanto faz

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Círculo

Falta dói
Mas não mata
Agride
Mas gera reação

Beleza aceita
De estupidez inebriante
O que sufoca
É a repetição

All In

O tempo não parou
O jogo embaralhou
Placar zerou
Ou negativou?
O crupiê dá de ombros
Mesa cheia
Que comece a peleia

domingo, 17 de junho de 2012

High Kais

Já foi falado
E tão bem dividido
Um dia volta

Paleta

Vê-se cinza
Horizonte ranzinza
Golpe no flanco
Tudo branco
Que venha o azul
Ao leste ou ao sul
Guardarei o pincel
Até que volte a inspiração
Que pule o coração
Até que haja
Simplesmente haja
Algum contorno
Prenúncio de retorno

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Variedade

Para tudo há medida
Dose
Adoce, mas não muito
Azedo faz parte
Amargo também traz arte
Salgado, sagrado
Eis o segredo
Saboreie a vida
Sem medo

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Soslaio

Sagrada
Minha contemplação
Tu lá, eu cá
Coisa do olhar
De olhar
Para a lua
Um dia eu piso
Prezo esse juízo

Cruzeiro do Sul

"Dizei uma só palavra..."
Ou pense, ou sinta
"...e serei salvo"
Tiro ao alvo
Alva, branca, paz
Que me traz
Enveredar pelas letras
Teus versos
Teus caminhos
Sem data, mas com rumo
Doce prumo
Para onde hei de retornar

segunda-feira, 11 de junho de 2012

High Kais

Impaciência
Puro afã de caber
Ou de transbordar

High Kais

Eu me permito
O rito, o intento
Eu acredito

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Espreita

Amor
Coisa selvagem
Em chamas
Se muito chamas
Foge
É bicho arisco
Envolve risco
Riso
Destrói juízo

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Armadilha

O hábito faz o monge
O caminho vai longe
E não responde
Intriga, atiça
Atalho, teu nome é cobiça
Areia movediça
Faminta de estertores

DR da vida

Às favas
Dona Paciência!
Fico com a resistência
Melhor, resiliência
Caso com o conceito
Do meu jeito
Imperfeito

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Proas

Leme na mão
Por vela o coração
Singras, por vezes sangras
Navegas
Por entre vagas
Pela conquista
"Terra à vista!"
À vida, saúde!

Guloseima

Tem algo na tua tenda
Que me puxa
Me gruda, me caramela
Faz-me hiperglicêmico
Com tua ambrosia
Causa-me sede
Em tua doçura
Lambuzar faz bem

High Kais

Nesse teu mundo
Quanto mais eu me perco
Mais livre fico

quarta-feira, 9 de maio de 2012

High Kais

Pese o preço
Do apreço se preso
É o começo

segunda-feira, 7 de maio de 2012

High Kais


Se há a pressa
Te peço: não esqueça
Paz não tem preço

High Kais

Ao equilíbrio
Uma nota abaixo
Em sintonia

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Balanço

Chuva cai, tanto cinza
Natureza ranzinza
De cara fechada, ela também pode
Carranca assusta?
Pode ser, mas protege
Enseja cuidado, cautela
Resguardo para a primavera
Onde daremos boas vindas às flores
Às cores, aos amores
Dores? Pífias, passageiras
Não existe hematoma, roxo
Que resista a uma linda aquarela

(Con)Sentindo

"Mas é assim..."
Ah, sim
Por quê?
Por que não?
Sem fórmulas nem feitiços
Só encantos
Em cantos e melodias
Cantaroladas numa manhã de sol
De café quente
E peito fervendo

domingo, 29 de abril de 2012

Não diga nada

Sorriso tem que vir
Solto
Que venha bastante
Mas não sempre
(Até água demais, dizem)
Que seja bem-vindo
Bem feito
Entregue com gosto
Ilumina o rosto
Junta, como algema
Da qual se joga fora a chave

sábado, 28 de abril de 2012

High Kais

Só um sopapo
Lateja, dura, duro
Mas amolece

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Incerto

Algumas a vida dá
E deixa
Outras ela pede de volta
E vem queixa

Buraco
Maldito vazio
Invenção de analgésicos
Um morto chorado

Não se crê
Mas não se duvida
Pode ser que fique
Se for, que jamais retorne

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Espaço

Cada fábula no livro
Cada estrada no mapa
É mapa do tesouro
E do baú que esconde

Encerra mas não encarcera
Um quadrado
Um globo
Um mundo

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Rasante

Paz e pássaro
É coisa que pousa
Fica
Se cabe
Enquanto encaixa

Sai da gaiola
Voa, atenta
Deserta mas volta
Paz e pássaro
É coisa que pousa

domingo, 15 de abril de 2012

High Kais

Imitei heróis
Epopéias criadas
De final algum

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Missão

Amargo
O fazer
Por fazer

Porque coração
É músculo
Maiúsculo mestre

E paixão
É lição e exercício
Evite-se o suplício

Se há risco
Igualmente há chance
E que nada se tema

terça-feira, 3 de abril de 2012

Abracadabra

Palavras mágicas
Há tantas
Frases encantadas
Monto sem hesitar

"Me dê a mão"
"Confia em mim"
"Eu sei o que estou fazendo"

Se isto não é magia
Realidade alguma há de existir

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Tic, tac, tic, tac

Noite alta
Guarda baixa
Tanta cidade

Muitas janelas
Luzes perdidas
O que se pensa?
O que se pede?

O silêncio que berra
Mas que não se ouve
Só as estrelas sabem

sexta-feira, 30 de março de 2012

High Kais

Tanta certeza
Acaba em quimera
Foco no leme

High Kais

Mania minha
De ser doideira tua
Salvo-conduto

quinta-feira, 29 de março de 2012

High Kais

Há vitamina
Em sopa de letrinhas
Saciemo-nos

High Kais

A face fácil
Ulula e ilude
Há que escavar

High Kais

Nuvem, só água
Lava, leva, revela
Leve e vivaz

quarta-feira, 28 de março de 2012

Giro

Vitória ou derrota
Pedestal ou purgatório
É subjetividade
De resto, é cíclico
Ascensões
Apogeus e
Quedas
Renascimentos
Todos fatores do processo

terça-feira, 27 de março de 2012

Roda Viva

Seja o sol
Do outro lado a lua
Testemunhas
O vento
Dando sua cobertura

Todos vendo
O mundo girar
Não serei eu
A me ausentar

É roda viva
É vida à toda
Toda a vida

quarta-feira, 21 de março de 2012

High Kais

Viagem rica
Dar a mão e explorar
Rota (in)certa

High Kais

Quanto mais, melhor
Lambe, gosta, lambuza
Superlativo

High Kais

Guinar o barco
É tarefa do tempo
Do pensamento

terça-feira, 20 de março de 2012

High Kais

Bom é encontrar
Quem conosco recite
Em uníssono

domingo, 18 de março de 2012

Ação!

Vida é filme
Que não tem controle remoto
Não dá para pausar
Nem voltar, nem adiantar

Que se olhe
Se viva
Com muita atenção
Da primeira à última cena

Nasceu
A claquete bateu
O filme acaba
A biografia fica

High Kais

Está no balão
Mas que fique guardado
Perderá uso

sexta-feira, 16 de março de 2012

Anímico

O onírico
Iludido pelo teórico
Apanhou do prático
E viu-se tétrico

High Kais

Vim, vi e venci
São lutas de céu e fel
Em rumos tortos

domingo, 11 de março de 2012

Geométrica

Encaixe não é simetria
Não tema o torto
O obtuso
O abaulado
O oblongo
Vivemos num mundo
Redondo
Tudo tem seu lugar
Função
E ponto de fusão

segunda-feira, 5 de março de 2012

High Kais

Fato refeito
Em confusa órbita
Alvo distante

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

High Kais

Tudo exato
Tenha, faça, supere
Tudo errado

High Kais

Chega, esfinge
Devorar não resolve
Sem mais perguntas

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

No trote

Troque-se votos
Trave-se tratos
Tenha-se tato

Tecem-se fatos
Troços e destroços
Tantos traços

Traga-se tudo
Tente-se tanto
Tire-se o todo

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

High Kais

Cave ao fundo
Crosta só é escudo
Dentro, tesouro

High Kais

Ensina-me só
O que devo conhecer
Para te saber

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Passo único

Tanta gente
Pé quarenta
É o que mais tem

Tantos passos rápidos
Tantos sapatos iguais
Mas, calo
Ah, esse desgraçado

Dizem que para entender
Tem que calçar o teu sapato
Mentira deslavada
Pé quarenta tem de monte
Calo é impressão digital

Tu podes falar
Gritar, jogar em outdoor
Mas a fisgada no solado
Essa é individual

Keep walking, Johnny
Porque calo e karma
Cada um atura o seu

Confiança

E a gente confia
Que vai ser diferente
Que vai ter outro desfecho

E a gente confia
Que não haverá mais raiva
Que não mais pagará de idiota

E a gente confia
Que a confiança é válida
Que a esperança se paga

E a gente confia
Desafia, desafina
Desatina, desconfia

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Sobre a saudade

Saber
Administrar
Uma
Difícil
Ausência
Demanda
Experiência

sábado, 28 de janeiro de 2012

High Kais

Melaço de nós
Doçura de alcova
Dá tanta sede

High Kais

Salva o mundo
Aquele que sabe-se
Servo do viver

High Kais

Fazes-me dia
Em noites de regaço
Sem um sossego

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

High Kais

Vasta, volátil
Veloz, voraz, vítima
Viva Esse Pê!

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

High Kais

Cruzeiro do Sul
Dona de um terraço
Céu estrelado

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

High Kais

Só atropelo
Vida veloz, respire!
Devagar se vê

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

High Kais

É bifurcação
Se verdades colidem
Ou é retorno?

sábado, 14 de janeiro de 2012

High Kais

Rota sem volta
O rumo não importa
Encontraram-se

High Kais

Crio vontades
Invento alimentos
Dever da carne

High Kais

Nasço em letras
Misturo-me com linhas
Fusão e função

High Kais

Anda, marujo
Não tema os tubarões
É só navegar

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

High Kais

Montanha-russa
Tanto sobe-e-desce
Já não rende mais

High Kais

Café, cigarros
Porquês e entretantos
Nuvens a pairar

High Kais

Chuva ácida
É garoa contínua
Na urbe cinza

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

High Kais

Caminhos planos
Não me servem de nada
Anestesiam

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

High Kais

Roupas pelo chão
Fábula horizontal
Sem ponto final

High Kais

Falo de dores
E também de amores
Diversas cores

High Kais

Matemática
Pega eu, soma você
Dá infinito